O Athletico foi até o Estádio Serra Dourada na noite de ontem, 13 de Junho (quinta-feira), para enfrentar o Goías em partida válida pela 9ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2019. A derrota pelo placar de 2×1 (gols de Kayke, Leandro Barcía e Rafael Vaz [contra]) deixou o Furacão na 12ª posição na tabela de classificação com 10 pontos conquistados.
Considerando que não houve transmissão do jogo de ontem por nenhuma emissora, é virtualmente impossível fazer uma avaliação precisa sobre os motivos técnico-táticos que levaram o rubro-negro à sua 5ª derrota em 9 jogos disputados no Brasileirão 2019.
Entretanto, há alguns aspectos no desempenho da equipe que precisam ser urgentemente revistos pelo técnico Tiago Nunes no período de treinamentos que acontecerá durante a pausa no calendário do futebol brasileiro para a disputa da Copa América.
TIME UNIDIMENSIONAL
Uma das grandes qualidades que levaram o Athletico à conquista da Copa Sulamericana em 2018 foi a capacidade que a equipe possuía de se adaptar aos adversários que enfrentava.
Os comandados de Tiago Nunes se mostraram capazes de jogar tanto dominando a posse de bola e pressionando a saída de bola da equipe adversária quanto dando espaço ao adversário para retomar a bola e lançar contra-ataques fulminantes.
Já em 2019 o que vemos é um time que se apresenta sempre da mesma maneira e que tem muitas dificuldades quando o jogo não se desenvolve da forma como era esperada, pois é incapaz de se adaptar às novas exigências da partida. A capacidade de adaptação é fundamental para o sucesso e precisa retornar.
INSISTÊNCIA EM ALGUNS JOGADORES
Durante os primeiros 19 jogos da temporada, vimos algumas figuras se tornarem recorrentes nas escalações do Furacão sem que seu desempenho tenha justificado tantas oportunidades.
Madson, substituto de Jonathan na lateral-direita, é um bom exemplo disso. Apenas mediano tanto na fase defensiva quanto na ofensiva do jogo, o jogador tem sido alvo de críticas ferozes da torcida.
Somando-se ao desempenho ruim de Madson o fato de Jonathan assistir a todos os jogos do banco de reservas, é impossível que a torcida não questione se o titular veterano não deveria estar em campo em mais partidas ou se Erick – que desempenhou bem o papel quando esteve na posição – não deveria ter mais oportunidades.
O veterano lateral-esquerdo Márcio Azevedo é outro exemplo que não se pode deixar de citar. Com passagens de sucesso pelo próprio Athletico e pelo futebol ucraniano, acho que poucos duvidam que Azevedo tem condições de apresentar um futebol melhor do que o que vem jogando, mas continuar expondo um jogador potencialmente útil ao escrutínio da torcida e da mídia especializada pelas seguidas falhas cometidas ao longo das últimas partidas parece uma decisão no mínimo questionável.
Talvez seja um bom momento de dar ao jogador um período de treinos e de tranquilidade para que se recupere tecnicamente e para que a torcida possa digerir e esquecer – ao menos em parte – as falhas cometidas.
O volante Wellington, por sua vez, talvez seja o menos criticável dentre os jogadores citados, mas incomoda o fato de um jogador tecnicamente limitado ter vaga cativa entre os titulares do clube.
Quando chegou ao clube em 2018, o atleta era considerado uma opção para momentos específicos. Um jogador voluntarioso, bom marcador e que cumpre o seu papel em campo de modo satisfatório, mas que não deveria ser uma constante em clube que se propõe a brigar por títulos.
Como devem se lembrar os amigos leitores, o meio-de-campo do Furacão campeão sulamericano em 2018 era formado por Bruno Guimarães, Lucho González e Rafael Veiga. Não existe nada que justifique a necessidade de que se tenha em campo o tempo todo um volante voltado exclusivamente para a defesa, então por que não ter ao lado de Lucho e Bruno Guimarães um jogador mais criativo – como Bruno Nazário – ou mesmo um volante com mais qualidade técnica – como Erick ou Matheus Rossetto?
PONTUAR FORA DE CASA É FUNDAMENTAL
Até o presente momento, a equipe principal do Athletico fez em 2019 um total de 10 partidas fora da Arena da Baixada, com 8 derrotas (Tolima, Jorge Wilstermann e Boca Juniors pela Libertadores, River Plate pela Recopa Sulamericana e Fortaleza, Flamengo, Palmeiras e Goiás pelo Campeonato Brasileiro) e 2 empates (Chapecoense pelo Campeonato Brasileiro e Fortaleza pela Copa do Brasil).
Nesses jogos, o Athletico marcou 7 gols (média de 0,7 gols/jogo) e sofreu 12 (média de 1,2 gols/jogo). Em partidas válidas pelo Campeonato Brasileiro, o aproveitamento fora de casa é de miseráveis 6% (1 ponto conquistado dentre os 15 disputados).
É bem verdade que esses resultados permitiram o avanço às quartas-de-final da Copa do Brasil e às oitavas-de-final da Libertadores da América, mas também custaram um possível título na Recopa e nos deixaram a apenas dois pontos da zona de rebaixamento no Brasileirão.
Não apenas os resultados fora de casa precisam melhorar, mas o desempenho da equipe longe da Arena precisa evoluir a ponto de tornar essa equipe competitiva e candidata a títulos como a torcida rubro-negra espera.
RODÍZIOS EXAGERADOS E MAL PLANEJADOS
Para não alongar em um tema recentemente tratado neste espaço, é fundamental que o clube saiba planejar os rodízios, de modo que o Campeonato Brasileiro não seja deixado de lado e que os principais jogadores estejam disponíveis para os principais confrontos em todas as competições.
CONCLUSÕES
A parada para a Copa América é fundamental, o que for feito ao longo desse quase um mês em que não haverá compromissos oficiais para o clube definirá o nível de sucesso que alcançaremos no segundo semestre de 2019. Caberá a Tiago Nunes e aos jogadores aproveitar esse período de treinamentos para dar um salto de qualidade e atingir o nível de desempenho que deles se espera, e que se sabe que são capazes de atingir.